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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

O Senhor dos Gatos (conclusão)
 

Esta é a conclusão do conto que iniciámos aqui, continuámos aqui e aqui.




... Da casa apenas restavam as paredes exteriores calcinadas.
A mulher falecera carbonizada.
Os gatos também.
Solitário, sentiu que ser homem era estar para além dos outros homens, para além da dor, da obsessão da vida, da loucura e da exigência social.
Constatou com a amargura da perda, que os gatos que tivera nada lhe exigiram em troca, apenas o carinho e a veracidade de ser humano.
Hoje gostaria de trocar essa condição de humano e esquecer tudo: falsidades, sociedade, hipocrisia, promessas, materialismo frívolo, egoísmo, guerra e imbecilidade.
No meio da avenida, falando com o arrumador de automóveis para enganar o silêncio da solidão que o persegue, discursa a moral dos sentidos para a imoralidade dos que o apontam sem sentido e sem razão.
E, tecendo carinhos e entretecendo firmes vontades que o fútil lugar comum teima em reprimir, continua a alimentar os vadios gatos de rua, perdido nos gestos que esconde e que inventa, não por querer, mas por entender que serão sempre gestos que a pluralidade dos homens nunca compreenderá e apagará para sempre da memória.

(Fernando Magalhães, E.B. 2/3 da Junqueira, Vila do Conde)

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